A importância da reciclagem e como começar a reciclar
Em comemoração ao Dia Internacional da Reciclagem, que tal aprender a separar e destinar corretamente o lixo? Entenda a importância da reciclagem.
Instituído pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação), o Dia Internacional da Reciclagem é celebrado em 17 de maio. A data é um convite à reflexão sobre a quantidade de resíduos que geramos diariamente e a importância de fazer o descarte correto, de forma a estimular e destacar a importância da reciclagem dos itens consumidos.
Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico no mundo. Segundo dados da organização ambiental WWF, o Brasil gerou 11,3 milhões de toneladas de plástico em 2019, mas somente 145 mil foram recicladas, o equivalente a 1,3%. O país também é o quinto maior produtor de resíduos eletrônicos no mundo – e o maior da América Latina. Em 2019, o Brasil descartou mais de 2 milhões de toneladas de eletrônicos, porém menos de 3% foram reciclados, segundo o relatório The Global E-waste Monitor 2020, desenvolvido pela Universidade das Nações Unidas.
Os números acima ajudam a entender como a importância da reciclagem no Brasil ainda é precisa. Mas, como isso impacta a nossa sociedade? Basicamente, todo o montante que não é encaminhado para a reciclagem – como vimos, a maioria – vão parar em aterros sanitários ou lixões ilegais. Enquanto o primeiro é um ambiente controlado e preparado para receber o lixo sem contaminar o solo ou atingir os lençóis freáticos, o segundo é composto por áreas a céu aberto sem o menor planejamento ou medidas de proteção ao meio ambiente e à saúde pública.
Além dos riscos citados, a falta de reciclagem gera grandes perdas econômicas. Os recicláveis que vão para lixões levam a uma perda de R$ 14 bilhões anualmente, segundo levantamento feito pela Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). Esse dinheiro poderia gerar renda para a camada da população que trabalha com essa atividade.
Já as Nações Unidas calculam que a América Latina perde US$ 1,7 bilhão por ano com o descarte de eletrônicos. São materiais que contêm ouro e outros metais preciosos que poderiam ser recuperados, mas são “jogados fora” de forma inapropriada. Lembre-se que, do ponto de vista do planeta Terra, não existe “fora”. É sempre o nosso planeta que estamos poluindo, acumulando resíduos e esgotando recursos naturais.
Os primeiros passos na reciclagem
Cientes da importância da reciclagem, que tal aprender a inserir a prática no cotidiano? O impacto individual pode parecer insignificante em relação aos danos causados por empresas, governos e políticas ambientais, mas podemos escolher ser parte da solução e contribuir com o que está ao nosso alcance.
O primeiro ponto é saber que resíduo é tudo aquilo que ainda pode ser reciclado e/ou reutilizado, logo muitas vezes o que chamamos de lixo é, na verdade, resíduo.
Outro ponto é que, apesar do avanço tecnológico, muitos itens que consumimos diariamente ainda são de difícil reciclagem. Muitas vezes, por não serem economicamente viáveis, embalagens que seriam recicláveis acabam não sendo recicladas. São exemplos: Plásticos de iogurte e leite, plásticos flexíveis (que embalam molhos, por exemplo), copos descartáveis de café, embalagens de salgadinhos, esponjas sintéticas e cápsulas de café, entre outros. Portanto, sempre que possível, evite tais itens.
Agora, vamos dividir essa conversa em dois pontos: resíduos secos e resíduos orgânicos.
Iniciando pelos resíduos secos, os principais materiais recicláveis deste tipo são os plásticos, papel e papelão, vidros e metais. Todos eles podem ser separados em sua casa para serem apanhados pela coleta seletiva, caso haja em seu bairro, ou serem levados a cooperativas de materiais recicláveis. Há ainda pontos de entrega voluntária (PEVs), conhecidos como estações de reciclagem ou ecopontos, e é possível também entrar em contato diretamente com catadores e catadoras de recicláveis pelo aplicativo Cataki.
Entre os itens mais comuns, o Brasil lidera a reciclagem de latinhas, portanto, sempre que possível, opte por embalagens em lata.
Uma dica importante é limpar as embalagens para evitar a atração de vetores, como moscas e baratas, e a desvalorização deste material na cadeia de reciclagem. Não é preciso uma limpeza profunda, basta passar uma água enquanto lava sua louça comum.
Diversos resíduos possuem iniciativas específicas de reciclagem, confira abaixo:
- Lixo eletrônico
Os vários dispositivos como smartphones, eletrodomésticos, pilhas e cabos, podem ser descartados nos pontos de coleta da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE) – confira o mais próximo de sua residência aqui.
- Instrumentos de escrita
Quem tem filhos em idade escolar, certamente está repleto de tocos de lápis, canetinhas sem cor, marca textos, entre outros itens sem uso. A Faber-Castell possui um programa que destaca a importância da reciclagem de tais materiais, basta baixar gratuitamente uma etiqueta para enviar os resíduos. Saiba mais aqui.
- Óleo de cozinha usado
Guarde em um recipiente (como uma garrafa ou pote de vidro) e encaminhe para pontos de coleta ou iniciativas que recebam esse resíduo. O Instituto Triângulo troca óleo usado por barras de sabão ecológico – veja aqui.
- Medicamentos
As grandes redes farmacêuticas possuem pontos de descarte de todos os tipos de remédios, como comprimidos, drágeas, cápsulas. Também podem ser descartados nos coletores, suspensões, soluções e demais medicamentos líquidos, pomadas, cremes e pastosos. Não é permitido descartar itens como seringas, agulhas e cortantes como frascos quebrados.
- Lâmpadas
As lâmpadas fluorescentes possuem mercúrio metálico, material altamente contaminante. Além disso, no lixo comum ou reciclado representam um risco de ferimentos para os catadores e trabalhadores de cooperativas, por isso leve suas lâmpadas queimadas a lojas de materiais de construção, que podem dar uma destinação adequada.
Os resíduos recicláveis secos compõem uma fração importante do montante que geramos diariamente – cerca de 33,6%. Outros resíduos somam 21,1%, entre resíduos têxteis, couros e borrachas, além de rejeitos (15,5%), estes compostos principalmente por resíduos sanitários. Porém, a maioria dos resíduos que geramos são orgânicos, que correspondem a 45,3% do total.
Os resíduos orgânicos, como restos de alimentos, folhas e sementes, também têm solução: eles podem ser compostados! A compostagem é um processo biológico de transformação de resíduos orgânicos em adubo pela ação de microorganismos.
Esta técnica evita o despejo de “lixo” orgânico em aterros sanitários e ainda produz um fértil composto, que pode ser usado para adubar plantas. Para quem está começando, é possível comprar uma composteira doméstica em lojas especializadas ou fazer seu próprio recipiente em casa ou apartamento – veja como.
Por fim, mais importante do que reciclar, é preciso antes reduzir a quantidade de resíduos que geramos: repensando e reduzindo nosso consumo; estimulando a reutilização e a reparação antes do descarte.