Na coluna passada, comentei sobre as paisagens de Minas, exaltando o privilégio da profissão, que é conhecer diversos locais e lindas imagens desse Brasil enorme. Porém, infelizmente, como em qualquer profissão, nem tudo são flores.

Não é segredo para ninguém que o motorista profissional está vulnerável no trecho, seja a acidentes, violência, insegurança, privação do sono, distância de casa, doenças, problemas alimentares, entre outros.

Outro problema que infelizmente é bastante comum de se ver é o saque de cargas. No mesmo trecho percorrido em Minas, fiquei parado na rodovia por mais de duas horas por conta de um acidente quilômetros à frente. Ao passar pelo ponto do acidente, me deparei com o seguinte cenário: um caminhão batido e uma carreta tombada ocupando metade da rodovia sentido BH. A cena por si só, já é ruim de ver, mas o que me entristeceu, foi ver diversas pessoas saqueando a carga da carreta tombada.

Infelizmente, essa atitude tomada pelos motoristas de outros veículos e moradores locais é muito comum, e impressiona o fato de as pessoas acreditarem que pelo veículo ter tombado a carga já não faz mais parte do caminhão. Acreditam em termos, porque boa parte das pessoas envolvidas no saque estavam com os rostos cobertos, evidenciando a noção de culpa pela ação.

A situação é tão grave que em certos trechos, o caminhão nem precisa se acidentar: basta apresentar uma pane na estrada que em pouco tempo estará correndo risco de perder sua carga. O pior de tudo isso é que toda essa atitude tomada pela população, mostra como nossa sociedade está pobre de princípios e valores.

Enquanto isso, eu me cuido ao máximo para não me envolver em acidentes e oro pelos meus amigos de profissão. Espero que em um futuro, se o acidente no trecho for inevitável, que ao menos as pessoas próximas se preocupem com saúde e situação do motorista acidentado e não com que tipo de carga o caminhão está carregado.

Até a próxima.

Wagner Araújo – Carreteiro e responsável pelo blog Wagner Caminhõeshttp://wagnercaminhoes.blogspot.com.br/