Bom Pessoal, com a graça de Deus, estou mais uma vez aqui!

Hoje, ao ver fotos antigas, uma particularmente me chamou a atenção: tratava-se de um Tector 170E28 Toco. Algumas pessoas podem até pensar, “que desperdício, 280 cavalos em um toco”.  Num primeiro olhar, pode até parecer desperdício ou excentricidade, mas, para mim, isso é evolução. Há uma ou duas décadas, o normal para um caminhão trucado seriam 130 ou, no máximo, 180 hp. No início dos anos 90, deu-se a guerra dos cavalos vapor. Hoje, alguns abastados ou com uma visão mais acurada, enxergam as vantagens da alta potência em um toco, o que, em minha opinião, está certíssimo.

Focando nos modelos leves, de 7 a 12 toneladas, o cenário mudou bastante. Antes tínhamos 120hp. Hoje, com motores 4 cilindros, temos até 190hp cabines vocacionais. Creio que a engenharia brasileira, de uma forma geral, enxerga a vocação dos leves como estritamente urbana, onde o motorista volta pra casa no final do dia. De certa maneira, eles estão certos, mas existe uma boa parcela dos motoristas que acabam por pernoitar em seus caminhões. Uns até instalam camas em suas cabines, outros optam por dormir na carroceria e, uma pequena parcela, acaba indo para um hotel.

Alguns já me chamaram de especialista em ¾, mas a única coisa que faço é pesquisar e buscar informações. Trabalho com caminhões leves deste 1994 e, só não migrei para maiores pois a negociação dos fretes se encaixou com o meu perfil de trabalho. Em outros países, mercado compra e vende de uma forma diferente. Isso acontece porque eles compram de forma programada e bem customizada, deixando o caminhão dentro do perfil adequado de cada trabalhador.

Ou seja, se o motorista for fazer entregas em grandes centros a curta distância, um 160hp/ 5 marchas, uma cabine com ergonomia de automóvel e 7/8 toneladas de PBT está de bom tamanho. Mas se ele carregar em um centro de distribuição ou indústria no interior, irá fazer uma rota que englobe diferentes cidades e, fatalmente, deverá dormir no local. Nesses casos, o ideal seria de 10 a 12 toneladas e uma cabine leito. Fora do Brasil já é possível comprar assim. No Brasil, nos “temos” o hábito de comprar produtos de prateleira e, as montadoras, oferecem pouco em matéria de produtos made Taylor (feitos sob medida). Talvez, por esse motivo, ainda não temos caminhões como o Iveco Eurocargo 100E21, transmissão 8+1, suspensão pneumática regulável, dentro outros. Sem falar nos milhares de combinações que necessitar.

E se alguém pergunta: “e se eu comprar um toco?” Aqui deixo três respostas a favor de um leve.

1 – Baixo custo de manutenção

2 – Plataforma baixa (para quem faz entrega fracionada na mão, sabe o que estou falando)

3 – Onde um leve entra, muitas vezes um toco não chega.

Ultimamente, tenho visto uma quantidade grande de ¾ equipado com 3º eixo, o que deixa claro que quem faz uma rota longa precisa de capacidade de carga elevada de 7-8 toneladas líquidas, mas não abre mão das vantagens do ¾.

Bom, vou encerrando por aqui e torcendo para que possamos comprar produtos como no velho continente. Afinal, se nos não dissermos o que precisamos, as montadoras irão continuar tentando adivinhar.

Grande abraço

Fiquem com Deus e até a próxima!

Cristiano Bueno